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Redundância

Somos sempre os mesmos, por mais que sejamos pessoas diferentes. Conservamos a memória, a linha de identidade que nos faz responsáveis pelo passado, responsáveis pelo futuro e presente, e merecedores de todos os louros em caso de resultados positivos. Somos sempre culpados, porque tudo muda à nossa volta mas nós não. É curioso como sem ninguém deixar de ser quem é tudo muda.

Por isso recaímos tantas vezes nas mesmas falhas, nos mesmos erros. Somos sempre nós, de uma forma por vezes irritante. Sádica forma de dizer "à quanto tempo!" depararmo-nos com algo que já fomos, e que apesar de numa forma não activa, ainda somos. Eu arriscaria dizer que somos redundantes. Buscamos sempre a mesma coisa, ainda que por caminhos diferentes em diferentes épocas.

Não me vou perder a discorrer em linhas o deprimente e aborrecido que é ter o nós, o futuro, passado e presente, às costas. Vou gastar apenas uma frase: não é triste ter de escolher por um nós, em detrimento de um outro, que no fundo busca a mesma coisa?
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Um pedaço de passado



Por vezes amamos alguma coisa. Uma pessoa, uma música, um filme, um álbum. Por vezes, quando o amor é longo, e surgem novos elementos pelo caminho, ficamos em dúvida. Será que afinal aquilo é amor? Talvez não fosse, foi um desejo de novidade... Talvez fosse, talvez seja, mas pode não ser.

Tinha vindo a questionar-me: será que gosto mesmo do álbum do Manel Cruz? Tinha uma dúvida paralela, com outro elemento, mas por motivos pessoais prefiro enunciar a dúvida relativa ao álbum do Manel. Como sabem, talvez não, foi uma música dele que deu nome ao blog, ouvi durante muito tempo esse álbum repetidamente. Também no outro caso sucedeu o mesmo. De um momento para o outro deixei de o ouvir: tinha de ouvir outras coisas...

Hoje questionei-me: será que não estou preso ao passado? Algo que foi importante e já não o é? Tanto são falsas, inúteis e mesquinhas as minhas dúvidas, que bastou um olhar, meio, para ter a certeza de tudo. Tudo é verdadeiro. Tudo sempre foi. Tanto não é que neste momento estou a ouvir Manel Cruz.
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Uma qualquer estrada



Há uma estrada logo à entrada da vila que está igual desde que me lembro. Nada mudou, isto para não dizer que mudou nada. Toda a vila foi feita em obras, em construções ou reparações que a foram alterando: hoje é bem diferente do que era dantes, ainda que nalguns sítios muito subtilmente. Mas aquela estrada, logo à entrada está como se o tempo não tivesse passado. A única diferença é a vista que dantes se tinha e a imagem que fica nos olhos agora. O passado é como essa estrada. Por mais voltas que dermos, vai estar sempre no mesmo lugar, pelo menos até irmos em paz. Podemos dar quantas voltas quisermos, podemos vê-lo de formas diferentes por culpa do presente, mas o passado está lá, como esteve ontem, e ontem, e ontem, e antes.

Como esta estrada, milhares há. Como eu, milhões de outras pessoas olham para trás como quem olha. O passado é a única estrada garantida. Por isso às vezes não devíamos dar-lhe tanta importância. Não dar tanta importância ao que temos garantido. A nossa imagem. Criar algo novo. Algo verdadeiramente novo, que venha de nós, que venha do mundo. Seguir por uma outra qualquer estrada
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